segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ritmo e vida

Vendo este infinito cinza
que está o céu,
agora,
parece que tudo
transformou-se em claro.
Claro vazio,
claro dilema,
clara contradição,
clara ilusão,
claros cabelos,
claros escuros,
claros, claras,
clara, claro.
Voe e não volte jamais.
Claras sombras
que não guiam caminhos,
mas que atormentam-me segundo a segundo.
Em claros olhos
percebo a desilusão do eu,
a abstinência
que é uma mente conturbada.
Clara vida,
vou escrever versos claros,
mas não na clareza de minha alma,
claro poema;
desclara vida.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Imóvel

Respiro o ar leve que invadiu meu corpo e levou-me a voar.
Como a estátua da casa, estou imóvel a pensar.
Posso sonhar, sem dormir, posso tocar, sem sonhar.
Bate e ecoa, o som, a cada passo que a mim aproxima-se, acelerando ritmamente.
Perco-me pela musicalidade do tom, e chego às nuvens sem perceber.
Era a música que me conduzia, a vida nova que me trazia, o novo dia que nascia.
Ainda paralisada, perplexamente, pisco meus olhos que imobilizaram-se sem notar.
A visão embaçada, que agora identificava, trouxe-me de volta à terra para novamente sonhar.