sábado, 26 de fevereiro de 2011

Encontre-se

Não compreendo ao certo este momento.
Existe um mundo me aguardando, mas somente sinto o vento.
Inspiro longamento contra o tempo, e o vazio que surge em meu peito torna-se um mero devaneio para o meu pretexto.
Seguro firme para não lembrar de outros tempos, e não percebo que ali está o meu maior desespero.
Não sei se é melhor soltar ou aguentar, portanto volto a respirar.
Ainda não é suficiente, parece que tudo está se aumentando enquanto eu permaneço pequena.
Vou diminuindo, indo, sem explicar mais nada.
Um barulho me alertou, e meu cérebro captou, minha mente voltou, e no presente estou.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Tudo é mágica

Finalmente libertei-me.
Abri aquela caixa velha e corroída do tempo que a foi modificando.
Tirei coisas desprezíveis e também insensíveis.
Obrigada, se você me ajudou de alguma forma.
Agora, como esperava por muito tempo, não me preocupo com o lugar que você ocupa ou a roupa que veste.
Somente tento seguir a minha vida, sem pensamentos longos e monótomos que ocupavam minha mente inquietamente.
Percebo que perdi tempo procurando por aquilo que estava claramente distante.
Agradeço por não ser tarde, e ainda poder perceber a lua brilhando no céu.
Sinto, claro, a falta de um olhar profundo.
Procuro, ainda, ver o céu se transformar em água.
Vejo que tudo depende de um passe de mágica.
Abracadabra.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Dois olhares

Estou a observar
seus gestos me deixam perplexamente paranóica, me alucinam, me encantam.
Fazem-me imaginar em sua vida, o que faria, onde chegaria.
Então continuo fixa no mesmo lugar, com os olhos ainda voltados para os seus movimentos.
Adimiro agora a força, a garra, o instinto.
Não pergunte-me quanto tempo durou, pois diria que foram horas, mas creio que foram apenas segundos.
Eu vi o mundo a partir dos seus olhos, e agora nada mais parece me impedir de viver.
Você continua paralítica, eu não consigo mudar muito disso também.
De repente voltei a mim, ao mundo que realmente enxergava, e você voa na minha direção, encontra meus olhos.
Rapidamente fecho-os e irrito-me com sua atitude. Mas o que mais eu podia esperar de você.
Não passa de uma mosca barulhenta e intrigante, atordoando a minha vida.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Metáfora de uma folha

Voam como folhas pensamentos que chegaram a ser certezas um dia, mas hoje são apenas espaços que perderam-se por aí.
Poderia procurá-los incansavelmente por todo esse mundo, mas creio que eles nunca voltarão da forma como vieram.
Gostaria de ver algumas coisas através de outros olhos, não consigo perceber uma vírgula do que era tudo aquilo.
Passou como um pássaro que perdi de vista, em um único e perplexo instante.
Lá se foi, abriu suas ásperas penas contra o vento e se foi.
Não voltará tão cedo, e se de repente decidir regredir não será como antes.
Foi-se mais uma folha, que acabou de cair lentamente da árvore, e com ela mais um pensamente de uma mente sem sentido.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Cansei

Eu não me canso.
Não me canso de ouvir a mesma música repetidas vezes.
De acordar e querer voltar a dormir.
De viajar sem saber que dia voltar.
De ouvir e não saber o que falar.
De ir pra lá, e voltar pra cá.
De pensar em falas.
De programar e reclamar.
De descobrir, olhar, pesquisar.
De tentar.
De querer.
De ser.
De procurar a minha cor favorita.
De descobrir o cheiro que me alucina.
De olhar as mesmas fotografias.
De pensar que vai dar.
De provar roupas novas.
De ver que tudo pode mudar.
De revisar e errar.
De gritar e chorar.
De correr e pular.
De procurar e não achar.
De tentar rimar e não descobrir o encaixe perfeito do som das palavras.
De fazer você perder seu tempo lendo isso.
De desejar você pelo menos dez vezes ao dia.
De olhar, e simplesmente olhar.
De escrever sem parar.
De digitar sem pensar.
De deixar um texto sem fim.
De dizer que este pode ser um fim.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Grite

Um, dois, três, quatro...
Quantos passos, e eles seguem.
Enquanto destraio minha mente com perguntas e lembranças, sigo andando sem um destino concreto.
Só queria esvaziar aquilo que atormenta aqui dentro, é como se eu gritasse muito, sem parar, sem respirar, e ninguém me ouvisse, e depois que o fôlego não aguentasse mais, parasse, e enfim, respirasse, e portanto saciasse toda aquela vontade que permanecia enclausurado em meu peito.
Gritei.
Perdi o fôlego.
Voltei.
Liberdade, senti tudo melhor.
Pensamentos? Nem os ouvia mais. Se pensava ou não, não dava a devida importância.
Agora era a busca do ar, dos braços jogados ao vento, e da grama em minhas mãos.
Eu tinha tudo, e sentia isso.
Eu tinha tudo, e tudo nada era.