segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Opacas eram as cores

A lente que cobria os olhos daquela menina caiu de repente.
Foi um choque quando viu na sua frente a imensa mancha de cores que há tempos não via.
Em um segundo, que repete-se a cada instante em sua cabecinha de algodão, tornou-se um momento único.
A pequenina sentia-se completa, bonita e leve como a borboleta que vira voar.
Suspira querida, suspira, e os dias hão de passar.
Em nuvens poluídas a vida seguia; em seu mundo, toda poluição era o barulho de seus pés na areia.
Corre agora pelos sedimentos levados pelo vento, sente agora a brisa que jamais sentira, vai agora aos braços da pessoa que abriu os olhos ingênuos de uma menina.
Lá se foi uma menina, lá vem uma mulher.

sábado, 22 de outubro de 2011

Última respiração: fria e silenciosa

A claridade que abrange meu rosto é pouca, a noite chega rapidamente e meu peito arde em pensar que mais uma dia se vai.
O luar que ilumina-me torna-se mais intenso em cada lembrança passada.
Meus pés a um segundo de voar, minha terra já não é esta que aqui piso.
Eu já estive neste espaço, porém não tão intesamente quando vivenciei neste instante.
Esta fração que segmenta meu corpo e transforma-se em memórias, e vai por se diluir no tempo, adquire todo este momento.
Mas em que parte da arte se esconde meu leito?
Pois não é preciso mais tempo, já foi-se tudo, e o suficiente para compreender que em meu peito, agora, explodem bombas daqueles dias que não voltarão, e de anos que aqui passarão.
Venha me recolher tempo sem vento, vento sem tempo, chuva de tempos.
Preciso voar de volta ao lugar em que encaixa esta vida que transcorre.
Com o beijo dos lábios gélidos que percorrem pela noite.
Por dentro da madeira fria que envolve minha alma.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Caminhos

Não tenho como descrever este momento. Há um distanciamento entre pensamento, mente e corpo. Estou aqui. Embora esteja além deste lugar que fecha e aprisiona-me ao passar dos dias.
Meus olhos se abrem para o ar, para a vida, para este espírito preso em um corpo que deseja ser livre.
Quero claro e escuro, quero nada quero.
Mostre-me o que é melhor, não que o choque vá doer, mas sim que a pacificação possa ser a nossa grande vitória.
Vou, para onde não há preto nem branco, vou singelamente procurar por um caminho não obscuro.
Enquanto busco um mundo, o vazio torna-se meu sentimento mudo.
Poderia gritar as palavras, porém essas sairiam sem som.
Nada mais me resta, por fim, que encerrar com todo esse silêncio perfeito à mim.

sábado, 8 de outubro de 2011

2 segundos

Pegou a minha mão e saimos andando, tantas coisas nos rodeiam, muitas palavras se ocultam, nossos passos continuam.
Caminhamos não sabemos para onde, andamos sem direção, e assim seguimos.
Vou observando os sons, as vozes, os olhares, enquanto caminhamos em um silêncio mudo.
Quem dirá que deixamos história naquele lugar? E quantas histórias foram deixadas para trás?
Quantas vidas se foram sem gritar sua canção preferida?
Estou aqui, mas penso lá, quero fugir, correr, andar.
Sua mão agora pressiona a minha mais forte, gosto disso, me traz o aprisionamento de segurança.
Mas ainda não entendo, o que faço, como me movimento, a escuridão vem trazendo a noite, e nossas mão suadas permanecem intactas.
Deixe-me ir, preciso pensar, vamos cantar aquela música junto ao luar?
E a vida passa, meu mundo gira 360 graus em uma hora, não compreendo mais o tempo, mas isso me hipnotiza de tal forma que entro em transe.
O trem passou, mas meus cabelos ainda voam, a sensação de estar lá me envolve, sinto tudo ir e vir.
E nossas mãos, cá estão, lá estão, por onde andar, por todo aquele sempre vão estar.