Gangorra

Tenho medo

Medo de mudar

Por que a transição nos traz a  incerteza?

O que vai vir depois?

É como uma gangorra: sobe ou desce, não existe o meio

Esta insegurança persiste em mim

E pior, essa inércia me faz mal

A cada segundo que passa dentro de mim se cria mais e mais dor

Dor de ser sem ser

Dor da mentira que é seguir em algo que não já se acredita.

Yin Yang

Decidi nomear-me
Lua!

Te chamei de Sol
Pois teu brilho me ilumina.

Radiante somos
cada novo dia
um novo humor.

Enquanto cresço
você nasce.

Na minha plenitude
trago força para o mar.

Na sua imensidão
traz a leveza para o ar.

Banho

Banhei-me.

Fiquei molhada
Da cabeça aos pés
Purifiquei meu corpo
De água e paz.

Senti
A leveza que me pertencia
Vi
A pele marcada que não percebia
Ouvi
A chuva que sobre meus cabelos caia
Respirei
O cheiro que já não sentia.

Estou
Repleta de energia
Viva
A flor do meu dia.

Lua & Sol

Se não fossem os mosquitos
Eu abriria a janela esta noite.

Lua crescente, linda, brilhante
Nesse céu azul imenso, você se destaca.
Mira-me intensamente como se quisesse falar comigo.
Vejo sua boca me chamar e, enquanto isso, te invejo por tamanha beleza.

No ritmo da escaleta meus pés se distanciam
O teu fundo vai se transformando em estrelas rodeadas por um negro azul vibrante.
Teu mistério é cativante de uma forma que nem pisco
Energizante te encarar.

Volto a ti, preciso te abraçar, te tocar
Falta pouco
Você clama por permanecer
Mas o sol já está por vir
Está tomando conta
De segundo a segundo vai tomando seu lugar.

Meu olhos começam a sentir a luz, o calor
Eu não quero
Não quero
Reajo com raiva
Por terem me tirado  desse sonho
Sonho esse que não me deixou dormir
Mas o dia nasce devagar
Fico feliz.

Agora é o sol
O sol quem me traz a força que preciso
Para acordar, levantar
Bom dia!

Cem vidas

Vai e vem
Leva e traz
Umedece esse solo

Há tanta vida
Viva
Nesse lugar

Meu peito vibra
O som da onda
Ecoa
Traz paz

Meus pés se movem
Em busca de isso tudo
Que respira

Água
Escorre em meu corpo
Energia
Pura e limpa

Aperta meu coração
Deixar-te ir
Dos meus sonhos

"Acorde"
Cantarolou meu irmão
Alcei voo
Pois o vento já nos levava para outro caminho.

Tons da terra

Morena cor de argila
Tua pele brilha
Como o ouro na mina

Tuas marcas contam tua história
Vitória
Com gosto de derrota

Eles não te enxergam
Te invejam
E a desculpa pregam

Por que carregas a culpa
Dessa sociedade sem cultura
Que se fecha por te ver na rua?

Caminha
E continua
Deixando tua garra
Os dias seguem de luta.

Horizonte tatuado

A sombra do prédio
No chão o concreto
É um cinza eterno
Cresce como um feto
Difere, entretanto,
Pois não morre,
Fica saltando
Nos olhos do nobre
Homem sem vez
Dorme e aguenta
Aquilo que o outro fez
Infinita tormenta!